Esta obra foi largamente influenciada pela vida de Almeida Garrett, nomeadamente pelas suas duas grandes paixões e pela questão relacionada com a legitimidade da sua filha.

Esta personagem vive obcecada com passado e aterrorizada
pelo futuro. Inicialmente, tenta negar os agouros de Telmo e, embora não
acredite racionalmente no mito Sebastianista, que lhe pode trazer D. João de
Portugal, teme a possibilidade da sua vinda. É uma personagem dominada por
pressentimentos que a fazem levar uma vida de permanente desassossego. Sente-se
culpada por ter amado Manuel de Sousa Coutinho durante o seu primeiro
casamento. Madalena acaba por sucumbir aos agouros, o que a leva a viver em
constante dor e angústia. Hesitante e perturbada, é uma personagem comandada
pelo coração, à imagem do herói romântico, cujas emoções se sobrepõem à razão.
É uma mulher bela e de carácter nobre. Com apenas dezassete
anos perdeu o seu marido e os sete anos que se seguiram foram dedicados à sua
procura. Almeida Garrett retratou Madalena como vítima de um amor contrariado:
pelo seu primeiro marido sentiu respeito, enquanto que o seu amor estava
voltado para outro homem. Esta paixão, cega, levou-a a casar com Manuel de Sousa
Coutinho com bastante leviandade. Manuel era o seu verdadeiro amante e foi a
ele que Madalena dedicou a sua alma e coração durante o seu matrimónio de 14
anos.
A sua felicidade é efémera. Madalena vive resguardada nos
seus problemas pessoais e não aparenta possuir outros interesses que não os
relacionados com a sua felicidade e com a da sua família. É uma personagem
impotente perante o Destino e o Fatalismo. A tentativa de salvar o retrato do
marido e a constatação do dia de sexta-feira quando Manuel e Maria se ausentam
ilustram as suas constantes preocupações. Coincidência ou não, “Madalena”
lembra o nome da figura bíblica pecadora de mesmo nome.
Desde o inicio da peça, revela-se bastante agitada e vai-se
desmoronando perante os agouros e indícios em seu redor, transformando-a numa
personagem sensível e influenciável, de personalidade fraca, que não consegue
resistir à realidade dos factos aquando do regresso do seu primeiro
marido. Madalena é delicada e profunda –
vive uma vida mentalmente miserável baseada em suposições. A sua personalidade
e as suas ações acabam por ditar o tom melancólico e apreensivo da obra. Aquilo
que Madalena fez, ingenuamente, no passado influencia o seu estilo de vida,
sobretudo o psicológico, e molda o seu futuro. É uma personagem com uma importância
tremenda, já que é ela a responsável pelo desfecho de Frei Luís de Sousa (com a
possível exceção da morte de Maria).
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